A evolução dos veículos 4×4
O que surgiu primeiro? O carro ou a estrada?
Se pudéssemos voltar o tempo e chegar aos primórdios da humanidade, certamente veremos cenas similares com as que vemos atualmente ao observar macacos carregando frutas: carreguem, nas mãos, o máximo que podem, pondo frutas na boca e andando rapidamente, deixando cair e recolhendo novamente. Assim fazendo até que possam, em um local seguro, se alimentar.
O primeiro carro, provavelmente, foi criado como uma forma a colaborar para esta necessidade básica. No início, era uma simples base de folhas ou madeira, as quais puxávamos ou empurrávamos. A vantagem era poder transportar o que se quisesse em maior quantidade. O esforço era ter que arrastar o carro pelo chão.
Os primeiros carros
Desta forma, surgiu o carro, mesmo sem a utilização das rodas. E, as estradas, nada mais eram do que o rastro deixado por esse arrasto dos carros. Então, na ordem, surgiram os carros, depois as estradas e, por fim, as rodas.
Provavelmente, logo após inventarem a roda, nossos ancestrais devem ter percebido que, ao precisar de menos esforço físico, o invento teria uma maior utilidade. Depois, descobriram que poderiam colocar um animal para tracionar e irem de carona.
Daí para frente, carros e estradas passaram a evoluir quase que paralelamente. Disse “quase” pois, desde que os carros foram deixando de terem tração animal para serem movidos a vapor e depois a gasolina, a produção dos novos automóveis aumentou tanto, que o número e qualidade das estradas não conseguia acompanhar a demanda.
Caminhões e tratores com tração 4×4
Aos poucos, a pavimentação foi a solução para evitar os transtornos criados na movimentação dos automóveis, já que, após as chuvas ou nevascas, essas estradas se transformavam em verdadeiros atoleiros. Além disso, a pavimentação tornavam as viagens mais seguras e confortáveis.
Mas, mesmo com a presença crescente das estradas e vias pavimentadas, ainda a enorme quilometragem de estradas de terra fazia o inferno dos automóveis e, principalmente, caminhões.
Sem a chance de se poder pavimentar todas as estradas do mundo, a solução foi partir para os automóveis. Foi observado que, na maioria das vezes, tinham dificuldade de tracionar quando o terreno era muito ruim, pois perdia aderência ou sustentação.
Um dos incrementos mais eficazes nesse requisito, foi a inclusão da tração nas quatro rodas nos veículos. Não se sabe ao certo quem foi o inventor do sistema, mas foi em 1893 que o engenheiro britânico Joseph Bramah Diplock patenteou a tração 4×4, incluindo a caixa de transferência e o uso de dois eixos motrizes.
No início do século XX, não foram poucos os projetos de diversos tipos de veículos com tração. Em sua maioria, caminhões.
Curiosamente, entre 1900 e 1905, a empresa Lohner-Porsche criou e fabricou o primeiro veículo híbrido que se conhece. Era equipado com quatro motores elétricos em cada roda, sendo assim, também 4×4. Outra curiosidade, é que, o primeiro veiculo 4×4 dotado de motor à combustão, era um carro de corrida inglês, o Spyker de 1905.
Em um período onde a criatividade e pioneirismo reinavam na engenharia mundial, muitas tentativas foram feitas. Mas, as aspirações do então já crescido mercado automobilístico pairavam sobre a sofisticação de se ter mobilidade própria, de preferência, com muito conforto e sofisticação.
A evolução dos veículos 4×4 no período da II Guerra mundial
Apesar de tudo isso, as dificuldades persistiam ao trafegar em épocas de chuvas e em terrenos não pavimentados. A salvação era poder contar novamente com a tração animal e com tratores, que, em seu habitat natural, podiam auxiliar na hora das dificuldades.
Foi no período da II Guerra mundial, pela própria necessidade de sobrevivência, que o sistema de tração 4×4 ganhou incremento e deixou de ser específico de tratores e caminhões pesados.
Um velho carrinho inglês, o Austin Seven, serviu de base para um modelo americano chamado Bantam, que serviu de base para o projeto do primeiro 4×4 de tamanho pequeno e fabricado em grande escala. Esse modelo foi produzido entre 1942 e 1945 pela Willys Overland de Ohio e a Ford Motor CO. de Detroit. Eram carros idênticos chamados MB e GPW, apelidados de Jeep, e que logo foram batizados com o mesmo nome.
Se a guerra trouxe qualquer contribuição para a humanidade, a evolução na engenharia foi uma das mais significativas. O cenário da guerra fez com que esses novos e eficientes carros 4×4 viajassem e trafegassem em todas as partes do planeta. Foram copiados e serviram de base para quase todos os projetos que viriam, ainda durante o conflito e depois, em diversos países.
A evolução dos veículos 4×4 na Alemanha
Outra vertente da engenharia criaria o Volkswagen. Curiosamente, entre os primeiros Fuscas, haviam diversos com o sistema de tração 4×4. Ainda, durante a guerra, foram construídos muitos sedans e jipes anfíbios – Schwimwagen – com tração nas quatro.
Então, pode se dizer que o Fusca foi o primeiro automóvel provido desse tipo de transmissão. Mais tarde, a Audi viria dar mais um passo importante no desenvolvimento desse sistema, com seu famoso Audi 4, multi- campeão de ralis de velocidade.
Então, meus amigos, não é de hoje que a Volkswagen conhece o sistema 4×4. Essa experiência de diversas décadas reflete na eficiência de seus carros de hoje. A Amarok inaugurou diversas tecnologias que hoje podemos ver algumas copiadas em outras marcas. Atualmente, o 4×4 deixou de ser um veículo de guerra para ser um veículo “de garra”.
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Jornalista e fundador do movimento off road no Brasil. Comprou seu 4×4 ainda na década de 70, fundou o Jeep Clube do Brasil (1981) e a primeira revista do gênero da América do Sul, 4×4 & Pickup (1983).